sábado, 18 de diciembre de 2021

Sangre negra / O sangue negro. Un poema de Noémia de Sousa (Mozambique)


¡Oh mi África misteriosa y natural,
mi virgen violada,
¡mi madre!


Como yo andaba hace tanto desterrada,
de ti alejada
distante y egocéntrica
por estas calles de la ciudad!
embarazadas de extranjeros

¡Mi Madre, perdona!


Como si yo pudiera vivir así,
de esta manera, eternamente,
ignorando la caricia fraterna
de mi luna de miel
(mi principio y mi fin) ...
Como si no existiera más allá
de los cines y de los cafés, la ansiedad
de tus horizontes extraños, por desentrañar ...
Como si tus macizos cacimbados
no cantaran en sordina su libertad,
las aves más bellas, cuyos nombres son 
misterios todavía cerrados!

Como si tus hijos -regias estatuas sin par -,
altivos, en bronce tallados,
endurecido en el fuego infernal
de tu sol causante, tropical,
como si tus hijos intemeratos, sobre todo luchando,
a la tierra atados,
como esclavos, trabajando,
que, amando, cantando
¡mis hermanos no fueran!


¡Oh mi Madre África, Ngoma pagana,
En la actualidad,
mística, sortílega - perdona!

A tu hija trasbordada,
te abre y perdona.

¡Que la fuerza de tu savia vence todo!
Y nada más fue necesario, que el hechizo impar
de tus tantán de guerra llamando,
dundundundundun - tãtã - dundundundun - tãtã
nada más que la locura elemental
de tus batuques bárbaros, terriblemente bellos ...


para que vibre
para que yo grite,
para que yo sienta, funda, en la sangre, tu voz, Madre!

Y vencida, reconociera nuestros eslabones ...
y regresar a mi origen milenario.
Madre, mi Madre África
de las canciones esclavas a la luz de la luna,
no puedo, no puedo repudiar
la sangre negra, la sangre bárbara que me has legado ...
Porque en mí, en mi alma, en mis nervios,
es más fuerte que todo,
yo vivo, yo sufro, río a través de él, Madre!
 
O Sangue negro

Ó minha África misteriosa e natural,
minha virgem violentada,
minha Mãe!

Como eu andava há tanto desterrada,
de ti alheada
distante e egocêntrica
por estas ruas da cidade!
engravidadas de estrangeiros

Minha Mãe, perdoa!

Como se eu pudesse viver assim,
desta maneira, eternamente,
ignorando a carícia fraternamente
morna do teu luar
(meu princípio e meu fim)...
Como se não existisse para além
dos cinemas e dos cafés, a ansiedade
dos teus horizontes estranhos, por desvendar...
Como se teus matos cacimbados
não cantassem em surdina a sua liberdade,
as aves mais belas, cujos nomes são mistérios ainda fechados! 

Como se teus filhos – régias estátuas sem par –,
altivos, em bronze talhados,
endurecido no lume infernal
do teu sol causticante, tropical,
como se teus filhos intemeratos, sobretudo lutando,
à terra amarrados,
como escravos, trabalhando,
amando, cantando –
meus irmãos não fossem!

Ó minha Mãe África, ngoma pagã,
escrava sensual,
mística, sortílega – perdoa!

À tua filha tresvairada,
abre-te e perdoa!

Que a força da tua seiva vence tudo!
E nada mais foi preciso, que o feitiço ímpar
dos teus tantãs de guerra chamando,
dundundundundun – tãtã – dundundundun – tãtã
nada mais que a loucura elementar
dos teus batuques bárbaros, terrivelmente belos... 

para que eu vibrasse
para que eu gritasse,
para que eu sentisse, funda, no sangue, a tua voz, Mãe!

E vencida, reconhecesse os nossos elos...
e regressasse à minha origem milenar.
Mãe, minha Mãe África
das canções escravas ao luar,
não posso, não posso repudiar
o sangue negro, o sangue bárbaro que me legaste...
Porque em mim, em minha alma, em meus nervos,
ele é mais forte que tudo,
eu vivo, eu sofro, eu rio através dele, Mãe!

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